(Guia 2023) – Tudo sobre Embedded Finance
O “Embedded Finance”, ou finanças incorporadas, está remodelando o universo financeiro B2B no Brasil e no mundo.
Ao integrar serviços financeiros em plataformas não financeiras, as empresas podem transformar a maneira como interagem com os seus clientes, otimizar as suas operações internas e criar novas oportunidades de receita.
Neste artigo, vamos explorar o conceito de “Embedded Finance”, examinar os seus benefícios e mostrar como aproveitá-lo para impulsionar o crescimento dos negócios.
Continue lendo para descobrir as principais características das finanças incorporadas.
Sommaire
O que é Embedded Finance?
A interpretação de Embedded Finance se alinha perfeitamente à sua tradução literal, que é “finanças incorporadas”.
Em termos práticos, estamos falando de serviços financeiros tais como crédito, seguro, investimento e transações de pagamento oferecidos por diferentes players, que não sejam da área bancária.
A consultoria McKinsey, em artigo publicado em outubro de 2022, explica que as finanças incorporadas são resultados da parceria entre bancos, provedores de tecnologia e distribuidores de produtos financeiros por meio de plataformas não financeiras.
Uma verdadeira revolução que já está em andamento sendo acompanhada pelo open finance e BaaS (Banking as a Service) simultaneamente.
Afinal, estas novas frentes permitem o compartilhamento de dados e a participação de novos atores frente às soluções financeiras, em busca de modernização e agilidade.
Para compreender melhor a definição de Embedded Finance e sua aplicação prática, continue a leitura.
O papel central da tecnologia nas finanças incorporadas
A tecnologia está no coração das finanças incorporadas, principalmente ao permitirem que os consumidores acessem serviços financeiros sem sair da plataforma que já estão utilizando.
Em geral, ela oferece uma melhor experiência quando comparada aos atendimentos presenciais nas instituições convencionais.
Esta experiência só é possível devido às APIs, ou Interfaces de Programação de Aplicativos. Elas são conjuntos de regras e protocolos que permitem que diferentes softwares se comuniquem entre si.
As APIs atuam como pontes, possibilitando a troca de informações e a interoperabilidade entre sistemas distintos.
Sendo assim, uma rede social, um site ou outro ambiente digital pode ampliar sua prestação de serviços e produtos financeiros sem ter que se dedicar ao desenvolvimento técnico dessa plataforma.
Exemplos de Embedded Finance
O Embedded Finance tem a capacidade de ampliar o portfólio de empresas oferecendo uma variedade de serviços e produtos financeiros.
Entenda na prática como algumas companhias são adeptas das finanças incorporadas ao redor do planeta.
- Crédito:
Klarna, uma fintech sueca, exemplifica como o crédito pode ser incorporado ao comércio eletrônico. Os seus usuários podem comprar produtos e pagar posteriormente, diretamente da plataforma de compras, tornando a experiência de crédito mais direta e integrada.
Outro exemplo é a Amazon, que em outros países além do Brasil, oferece empréstimos a pequenos vendedores para ajudá-los a expandir os seus negócios e crédito para os usuários financiarem compras grandes.
- Seguro Integrado ou Embedded Insurance
No segmento de seguros, a Lemonade, empresa com sede nos EUA, transformou a maneira como os seguros são vendidos e gerenciados, oferecendo um aplicativo móvel que permite que os clientes adquiram uma apólice em minutos.
O aplicativo Lemonade é integrado a outras plataformas e serviços digitais que os clientes já usam. Por exemplo, a empresa fez parceria com a plataforma de imóveis Zillow para oferecer seguro de habitação.
- Investimentos Facilitados
A Robinhood é um exemplo emblemático da aplicação de Embedded Finance no segmento de investimentos.
A plataforma, baseada nos Estados Unidos, foi uma das primeiras a oferecer negociação de ações sem comissão para os usuários, integrada a um aplicativo fácil de usar.
A Robinhood revolucionou o segmento de investimentos ao permitir que os usuários comprassem e vendessem ações, ETFs (fundos de índice negociados em bolsa) e criptomoedas sem a necessidade de passar por uma corretora tradicional.
- Meios de pagamento
Soluções de pagamento, como carteiras digitais ou pagamentos instantâneos, estão sendo incorporadas em diversas plataformas. Isso simplifica a transação, eliminando a necessidade de alternar entre diferentes aplicativos ou sites durante a jornada de compra.
Por exemplo, a Uber oferece uma carteira digital, a Uber Cash, permitindo aos usuários pagar por corridas e pedidos de comida, além de receber descontos.
Além disso, a empresa lançou o Uber Money nos Estados Unidos, que inclui contas bancárias digitais e cartões de crédito para os seus motoristas.
Benefícios da Embedded Finance
- Geração de fontes adicionais de renda
Ao oferecer serviços financeiros, as empresas podem monetizar suas bases de clientes existentes e criar novos fluxos de receita, além de seus produtos ou serviços principais.
- Aumento da competitividade
Ao incorporar serviços financeiros, as empresas adicionam valor aos seus produtos, tornando-os mais atraentes para os consumidores e, portanto, aumentando a competitividade da empresa.
- Atração e retenção de colaboradores
As empresas podem oferecer contas bancárias corporativas, cartões de crédito e empréstimos para funcionários como parte de seus pacotes de remuneração. Isso pode ajudar a atrair novos talentos e reter os existentes.
- Captação de clientes
Ao permitir que os clientes acessem serviços financeiros diretamente através de suas plataformas, as empresas podem aumentar a satisfação desse público e incentivar a fidelidade à marca. - Expansão para novos mercados
Ao oferecer serviços financeiros, as empresas podem alcançar novos segmentos de clientes que podem não ter sido atendidos anteriormente pelas instituições financeiras tradicionais.
Embedded Finance: um mar aberto para o setor de fintechs
O estudo da PwC sobre os cinco cenários para o futuro dos bancos aponta o front-end do setor bancário como a primeira grande revolução já em andamento. Essa previsão respalda a ascensão de fintechs que estão na vanguarda da transformação digital no setor financeiro.
Com a tecnologia como catalisadora, essas empresas estão explorando oportunidades e criando novos modelos de negócios.
Ao mesmo tempo, elas estão redefinindo a experiência bancária, colocando as necessidades dos clientes no centro e integrando os serviços financeiros em plataformas únicas.
No Brasil, empresas como Dock e Mova são expoentes desse movimento. Saiba mais sobre elas.
Dock: democratizando o acesso a serviços financeiros
A Dock, uma plataforma de tecnologia baseada em São Paulo, oferece uma solução completa de Banking as a Service (BaaS) que permite a outras empresas lançarem os seus próprios produtos financeiros.
Fornecendo um amplo conjunto de APIs, a Dock oferece aos seus clientes desde contas digitais, cartões até soluções de crédito e cobrança. Essa abordagem facilita o acesso a serviços financeiros para um espectro mais amplo de pessoas e empresas.
Mova: serviços de crédito digitais
A Mova, uma fintech que oferece soluções de crédito para pessoas desbancarizadas é outra inovadora companhia no espaço de finanças incorporadas.
A empresa emprega uma abordagem centrada no cliente, com foco em oferecer soluções financeiras para quem normalmente não teria acesso a tais serviços através de canais bancários tradicionais.
Ao incorporar finanças na experiência do usuário, a Mova está ajudando a criar um futuro mais inclusivo para o setor financeiro.
Instituições financeiras tradicionais X Embedded Finance
De acordo com a PwC, a importância da conta bancária principal não deve ser subestimada.
Frequentemente, a utilização de finanças incorporadas pelos consumidores tem sido vista como um complemento aos serviços das instituições financeiras tradicionais ou como um meio para atingir novos públicos.
As contas bancárias, sendo produtos-chave das instituições financeiras tradicionais, fornecem uma fonte significativa de informações sobre os clientes.
Estes dados, quando adequadamente analisados e utilizados, permitem aos bancos entender melhor as necessidades financeiras dos seus clientes, oferecendo produtos e serviços que se alinham diretamente às suas necessidades e comportamentos financeiros.
Por outro lado, ao integrar os serviços financeiros diretamente nas plataformas onde os consumidores já estão ativos, as empresas de finanças incorporadas estão criando novas formas para os consumidores acessarem e gerenciarem suas finanças. As instituições bancárias precisam se adaptar.
Quais são os desafios para as finanças incorporadas?
- Cibersegurança: as empresas de finanças incorporadas precisam garantir que as suas plataformas sejam seguras e resilientes a possíveis ataques cibernéticos, protegendo assim as informações de seus clientes.
- Regulação: todos os envolvidos com o Embedded Finance devem manter-se em conformidade com os regulamentos financeiros locais e globais, que estão constantemente evoluindo. No caso brasileiro, as instruções oficiais são do Banco Central.
- Comunicação com o cliente: garantir que os usuários entendam completamente os serviços oferecidos e como utilizá-los ainda é um desafio para as companhias. Por isso, elas devem fornecer suporte eficaz ao cliente para resolver dúvidas e problemas.
- Modelo de negócio: todos os players envolvidos devem desenvolver um modelo de negócio sustentável que possa competir no mercado financeiro. As empresas devem encontrar maneiras de monetizar os seus serviços e gerar valor para os acionistas e clientes.
- Integração de tecnologia: o processo de incorporação de serviços financeiros em outras plataformas exige integração tecnológica complexa. Lidar com esta complexidade e garantir uma experiência fluida ao usuário pode ser desafiador.
- Gestão de riscos financeiros: as empresas de finanças incorporadas também enfrentam riscos financeiros, como risco de crédito e risco de mercado. A gestão eficaz desses riscos é crucial para a viabilidade a longo prazo dessas empresas.
- Educação financeira: uma vez que muitos usuários de finanças incorporadas podem ser novos para certos produtos ou serviços financeiros, as empresas precisam garantir que os seus clientes tenham uma compreensão adequada do que está adquirindo.
América Latina: uma oportunidade para o Embedded Finance
Recentemente, vários bancos centrais na América Latina começaram a explorar o conceito de moedas digitais (CBDCs – Central Bank Digital Currencies).
Por exemplo, o Banco Central do Uruguai conduziu um piloto para uma versão digital do peso uruguaio, enquanto outros países, como a Argentina, estão avaliando a viabilidade de suas próprias CBDCs.
Essas inovações apresentam oportunidades significativas para diferentes atores. As empresas de serviços podem aproveitar as novas formas de pagamento e o compartilhamento de dados para ofertas financeiras mais eficientes e personalizadas.
Para os consumidores, isso pode significar acesso a um espectro mais amplo de serviços financeiros, muitos dos quais podem ser mais convenientes e econômicos do que as propostas dos bancos tradicionais.
Juntamente com a adoção de moedas digitais pelos bancos centrais, está a crescente implementação do open finance, criando um ambiente propício para a inovação e novas maneiras para empresas e consumidores interagirem com os serviços financeiros.
Segundo uma pesquisa da Deloitte, setores como varejo, bens de consumo e serviços diversos, responsáveis por mais de 35% do PIB brasileiro, têm o potencial de expandir os seus serviços financeiros com o Embedded Finance.
Ainda de acordo com a Deloitte, espera-se que esses setores possam arrecadar uma receita adicional de R$23 bilhões anuais no período de até cinco anos, apenas no Brasil.
Embedded Finance: 7 itens para gravar
O texto acima mostra como o Embedded Finance está sendo usado para melhorar e expandir a experiência de todos os stakeholders de uma organização por meio dos serviços financeiros.
O Embedded Finance, sem dúvida, representa uma tendência crescente que está redefinindo a interação entre tecnologia e finanças, principalmente no segmento corporativo.
Agora, para você se atentar ainda mais a esta importante revolução, seguem os principais tópicos sobre as finanças incorporadas:
- “Embedded Finance”, ou finanças incorporadas, refere-se à integração de serviços financeiros em plataformas não financeiras, otimizando as operações internas das empresas e criando novas oportunidades de receita.
- A tecnologia desempenha um papel central nas finanças incorporadas, permitindo a troca de informações e a interoperabilidade entre sistemas distintos através de APIs.
- Exemplos de empresas que usam “Embedded Finance” incluem Klarna (crédito), Amazon (crédito), Lemonade (seguro), Robinhood (investimentos) e Uber (pagamentos).
- Alguns dos benefícios das finanças incorporadas incluem: geração de novas fontes de receita, aumento da competitividade do produto, atração e retenção de colaboradores, personalização de produtos e serviços e expansão para novos mercados.
- No Brasil, fintechs como Dock e Mova estão liderando a onda de finanças incorporadas. A Dock oferece uma solução completa de “Banking as a Service” (BaaS) e a Mova oferece soluções de crédito para pessoas desbancarizadas.
- A tendência emergente das finanças incorporadas representa uma mudança significativa no panorama financeiro. Instituições bancárias tradicionais precisam se adaptar a essa nova realidade.
- A projeção do Embedded Finance é exponencial, seja para Fintechs e outras companhias não financeiras. Apesar do potencial gigante, existem desafios e pontos de atenção entre os players deste mercado, como cibersegurança, regulação, comunicação com o cliente, desenvolvimento de um modelo de negócio, integração de tecnologia, gestão de riscos e educação financeira.
Dado o ritmo acelerado das mudanças tecnológicas e a crescente demanda dos consumidores por experiências mais integradas e simples, acreditamos que o Embedded Finance será cada vez mais comum em todos os setores.
Conte para nós: como você imagina a sua participação diante das finanças incorporadas?
eula.lobo@syntax-finance.com
Eula Lôbo tem formação em jornalismo e é mestre em comunicação, educação e tecnologias. Tem experiência em redação de conteúdos para plataformas digitais e atua como estrategista da Syntax Finance no Brasil.
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