Guia 2023: Banking as a Service e o impacto nas finanças

Guia completo sobre Banking as a service. Confira exemplos e provedores de serviços.
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Banking as a Service (BaaS), ou, em uma tradução literal, ‘banco como serviço’ é uma nova abordagem tecnológica que está ressignificando o acesso aos serviços bancários.

Com o BaaS, as soluções financeiras estão sendo democratizadas e tornadas mais acessíveis, permitindo que empresas de todos os tipos, de varejistas a empresas de tecnologia, integrem serviços bancários aos seus produtos ou plataformas. 

O Banking as a Service é uma das possibilidades de aplicação das “finanças incorporadas” ou “embedded finance” em inglês. O BaaS está mudando o universo das finanças, com potencial para alterar o status até mesmo dos bancos mais tradicionais. 

Este artigo irá mergulhar fundo no mundo do Banking as a Service, com exemplos e dicas de fornecedores. Continue a leitura para descobrir o impacto e as oportunidades que o BaaS está trazendo para diferentes modelos de negócios.

O que significa Banking as a Service?

Banking as a Service envolve uma infraestrutura tecnológica que permite que empresas não bancárias se integrem aos sistemas de uma instituição financeira licenciada.

Dessa maneira, companhias diversas que não tem os serviços bancários como seu core business passam a diversificar o seu portfólio com produtos e serviços financeiros.

Sendo assim, os clientes ou demais stakeholders podem ser abordados com ofertas de cartões de crédito, pix, saque, depósito, pagamentos de boletos e até mesmo abertura de contas digitais.

Comumente, a empresa contratante de um provedor BaaS vende serviços e produtos financeiros com sua própria marca, o que é chamado de white label.

Continue a leitura para entender melhor como funciona o Banking as a Service na prática.

Como o Banking as a Service funciona?

A função do Banking as a Service começa com uma licença bancária. Bancos detentores desta licença se tornam os provedores BaaS. 

Em geral, os provedores disponibilizam as suas APIs (interfaces de programação de aplicativos), ou interfaces de programação de aplicativos, seja diretamente para algumas companhias ou para fintechs.

Por sua vez, as fintechs podem realizar novas integrações a essas APIs para oferecer produtos mais personalizados e assim conseguir distribuí-los melhor.

No final da cadeia estão os distribuidores ou empresas contratantes. Elas são empresas que utilizam a infraestrutura do provedor BaaS para fornecer serviços financeiros sob a própria marca.

A consultoria Delloite conseguiu ilustrar os estágios desta cadeia de valor BaaS especificando o papel dos diferentes atores. 

Fonte: Deloitte em Banking as a Service, Explained: What it is, Why it’s Important and How to Play, acessado no dia 2 de agosto de 2023

Quais produtos financeiros as empresas costumam oferecer em parceria com uma plataforma BaaS?

  1. Contas de pagamento digitais: maneira simples de gerenciar, transferir e receber dinheiro.
  2. Cartões de débito e crédito personalizados: usuários podem fazer compras em lojas físicas e on-line com cartões de marca própria.
  3. Empréstimos pessoais: empresas podem oferecer crédito rápido e sem complicações através da plataforma do provedor BaaS.
  4. Investimentos: usuários podem aplicar seu dinheiro através da mesma plataforma.
  5. Seguros: proteção contra riscos variados, com apólices cada vez mais personalizadas, e acesso disponível na mesma plataforma, de maneira rápida e simples.

Por que os consumidores querem produtos financeiros que não estejam nos bancos?

Os consumidores buscam produtos financeiros fora dos bancos por várias razões, entre elas destacam-se:

  1. Conveniência e melhor experiência: serviços financeiros não bancários muitas vezes oferecem plataformas digitais fáceis de usar. Isso possibilita transações rápidas e sem complicações.
  2. Personalização: essas empresas podem oferecer produtos e serviços adaptados às necessidades individuais dos clientes.
  3. Agilidade: processos de aprovação podem ser mais rápidos do que nos bancos tradicionais.
  4. Custos: em alguns casos, as empresas podem oferecer taxas e custos mais baixos do que as instituições bancárias.
  5. Inovação: fintechs costumam ser líderes na implementação de novas tecnologias e serviços.

Como as empresas não financeiras podem se beneficiar com o Banking as a Service?

  • Diversificação de portfólio: com o BaaS, as empresas podem expandir seus produtos ou serviços para incluir recursos financeiros.
  • Retenção de clientes: ao oferecer serviços financeiros, as empresas podem aumentar a interação e a fidelidade dos clientes.
  • Receita adicional: serviços financeiros adicionais podem gerar novas fontes de receita.
  • Parcerias: o BaaS permite parcerias com instituições financeiras, o que pode levar a uma maior credibilidade.
  • Soluções tecnológicas: o BaaS abre a possibilidade de criar novos produtos financeiros inovadores, sem que passe por extensos processos burocráticos.

Cases de banking as service no mundo

Goldman Sachs e Apple

O Goldman Sachs tem sido um participante ativo na onda crescente de digitalização e fintech, utilizando a sua expertise em serviços financeiros para oferecer uma plataforma BaaS robusta.

Um dos marcos notáveis na jornada BaaS do Goldman Sachs foi a criação do Marcus, sua plataforma de banco digital lançada em 2016. 

O projeto começou para empréstimo pessoal online e, desde então, expandiu para incluir uma variedade de produtos financeiros, incluindo poupança, cartões de crédito e gestão de investimentos.

No entanto, o uso mais notável do Goldman Sachs do modelo BaaS foi a parceria com a Apple para lançar o Apple Card em 2019. O Goldman Sachs forneceu a infraestrutura financeira, enquanto a Apple contribuiu com sua base de clientes e design de produto.

Essa abordagem permitiu ao Goldman Sachs expandir suas ofertas de serviços financeiros para um público muito mais amplo do que tradicionalmente atingido por um banco de investimento.

ClearBank 

Fundado em 2014, no Reino Unido, ClearBank oferece infraestrutura bancária como serviço para outras instituições financeiras e fintechs, sendo o primeiro banco britânico a fazer isso de maneira transparente e segura.

A proposta de valor do ClearBank é baseada na ideia de que a infraestrutura bancária pode ser uma commodity, permitindo que outras empresas forneçam serviços financeiros mais eficientes e inovadores. 

O banco fornece um conjunto completo de API’s que permite que seus clientes se conectem diretamente à infraestrutura bancária do Reino Unido. 

Isso possibilita que as fintechs e outras instituições financeiras forneçam seus próprios serviços bancários, sem o custo e a complexidade de manter sua própria infraestrutura.

Em 2017, o ClearBank ganhou um concurso de £60 milhões do Fundo de Capacidade de Inovação do RBS, destinado a fomentar a concorrência no setor bancário do Reino Unido. 

Usando os fundos, o ClearBank e seu parceiro Tide, um provedor de contas comerciais móveis, planejaram lançar um novo banco para pequenas e médias empresas.

Solaris Bank

Fundado em 2016, com sede em Berlim, o SolarisBank detém uma licença bancária completa da União Europeia, permitindo-lhe oferecer serviços financeiros diretamente e como um parceiro de BaaS para outras empresas.

A plataforma do SolarisBank permite que empresas de vários setores, especialmente fintechs, ofereçam uma variedade de serviços financeiros sob suas próprias marcas, tais como contas bancárias, cartões de pagamento, empréstimos e serviços de KYC (Conheça o Seu Cliente).

Entre as muitas parcerias de sucesso do SolarisBank, está a colaboração com a Tomorrow, uma fintech focada em sustentabilidade. Juntos, eles lançaram um banco móvel verde que oferece uma conta-corrente sustentável.

Em 2020, o SolarisBank levantou €60 milhões em uma rodada de financiamento da Série C, destacando o sucesso e a demanda por sua abordagem BaaS. O banco agora serve mais de 400.000 usuários finais em toda a Europa, através de seus mais de 60 parceiros corporativos.

Banking as a Service no Brasil

No Brasil, o conceito de Banking as a Service (BaaS) também está ganhando espaço. Existem várias instituições financeiras que atuam como provedores BaaS, possibilitando que empresas ofereçam serviços financeiros sob sua própria marca. Aqui estão alguns exemplos:

  • Banco BS2: oferece uma plataforma BaaS completa, permitindo que as empresas integrem serviços financeiros digitais em suas operações. Entre os seus parceiros, temos a Jeitto, uma fintech de microcrédito.
  • C6 Bank: o C6 Bank disponibiliza uma ampla gama de APIs para permitir que as empresas ofereçam serviços financeiros. É o caso da TIM, que, em parceria com o C6 Bank, lançou a TIM Beta, uma conta digital para os seus clientes.
  • Stone: embora seja mais conhecida como uma empresa de pagamentos, a Stone também oferece uma plataforma BaaS, possibilitando que outras empresas incorporem serviços financeiros aos seus produtos. Um exemplo é a Ton, uma spin-off da Stone focada em micro e pequenos empreendedores.
  • Banco BV: anteriormente nomeado como Banco Votorantim, o Banco BV atua no cenário de BaaS com sua plataforma lançada em 2020. Através dela, fintechs e empresas não bancárias podem disponibilizar produtos financeiros como empréstimos, financiamentos e cartões de crédito sob sua marca. Um caso de sucesso é a Creditas, que utiliza a plataforma BaaS do Banco BV para oferecer empréstimos com garantia de imóvel e automóvel.
  • Vórtx: essa fintech destaca-se por oferecer ‘back-office as a service’. Sua plataforma permite que as empresas emitam e administrem títulos e valores mobiliários, incluindo debêntures e CDBs. Operando sob licença da Sociedade Corretora de Títulos e Valores Mobiliários (CETIP), a Vórtx fornece inúmeros  serviços que geralmente exigem infraestrutura bancária complexa.

Esses provedores BaaS permitem que uma gama crescente de empresas entre no espaço financeiro, promovendo inovação e competição no setor financeiro brasileiro.

O que as empresas devem procurar em um provedor de BaaS?

Ao escolher um provedor de Banking as a Service (BaaS), as empresas devem considerar vários fatores.

Primeiro, a conformidade regulatória: o provedor deve ter as licenças adequadas para operar como banco e estar em conformidade com todas as regulamentações financeiras. Por isso, é tão importante estar atento às normas do Banco Central.

Segundo, a capacidade técnica é essencial. O provedor deve oferecer APIs robustas e seguras que permitam a integração fácil e eficiente dos serviços financeiros.

Terceiro, é útil considerar os serviços financeiros oferecidos. Os melhores provedores de BaaS oferecem uma variedade de produtos, desde contas bancárias e pagamentos até empréstimos e seguros.

Por fim, o suporte e a parceria são importantes. O ideal é um provedor que ofereça suporte técnico e operacional, além de estar disposto a colaborar em projetos conjuntos.

Banking as a service: 5 itens que você precisa lembrar

O Banking as a Service possibilita que qualquer empresa, independentemente de seu porte, expanda o seu portfólio de produtos oferecidos com soluções financeiras inovadoras.

Este modelo permite que as organizações ofereçam uma gama diversificada de serviços, desde contas de pagamento digitais, cartões personalizados, empréstimos e investimentos até seguros.

Para que você memorize os principais aspectos desta importante tendência financeira, seguem os pontos de destaque deste conteúdo:

  1. Banking as a Service envolve uma infraestrutura tecnológica que permite que empresas não bancárias se integrem aos sistemas de uma instituição financeira licenciada. 
  2. Bancos com licença bancária tornam-se os provedores BaaS, disponibilizando suas APIs para companhias e fintechs. As startups costumam realizar novas integrações para oferecer produtos mais personalizados e ágeis.
  3. As instituições que fornecem BaaS devem possuir as licenças necessárias e aderir a todas as regulamentações relevantes, garantindo assim a segurança e confiabilidade dos serviços prestados. 
  4. Empresas não financeiras procuram oferecer soluções bancárias a fim de diversificarem as suas ofertas, o que por consequência eleva a fidelidade do cliente, gera receita adicional, possibilita parcerias e abre a possibilidade de criar novos produtos financeiros inovadores.
  5. Por outro lado, clientes ou outros stakeholders costumam achar mais conveniente e terem uma melhor experiência nas plataformas que oferecem soluções financeiras do que nas instituições bancárias. 
  6. Cases de sucesso de Banking as a Service no mundo e no Brasil: exemplos internacionais incluem Goldman Sachs e Apple, ClearBank, e Solaris Bank. No Brasil, instituições como Banco BS2, C6 Bank, Stone, Banco BV e Vórtx atuam no segmento BaaS.
  7. As empresas devem considerar a conformidade regulatória, a capacidade técnica, a gama de serviços financeiros oferecidos, o suporte e a parceria entre os players como os principais critérios para escolher um provedor de BaaS.

Como vimos, o Banking as a Service é uma oportunidade para empresas alavancarem a inovação financeira, oferecendo serviços personalizados e centrados no cliente. Você conhece alguma experiência de BaaS que queira dividir conosco?

author

eula.lobo@syntax-finance.com

Eula Lôbo tem formação em jornalismo e é mestre em comunicação, educação e tecnologias. Tem experiência em redação de conteúdos para plataformas digitais e atua como estrategista da Syntax Finance no Brasil.

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